segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Funk do Jeremias, o mais popular do Youtube. O som original deste clássico do trash foi criado em Copacabana

Busca no Youtube por “funk do jeremias” - resultados
de vídeos
1 - 20 de cerca de 595

Até Maísa dança

Funk do Jeremias







Eu matei tu? Matei tua mãe?
Se eu pudesse-eu-matarra mil


Ei ei ei ei... Parei no inferno

Gente safada tem que morrer

Ei ei ei ei... Parei no inferno

O cão foi quem botou pra nós beber


O Funk do Jeremias é hoje provavelmente o som de vídeo brasileiro no Youtube mais ouvido em todos os tempos da categoria na ferramenta da Google Company. O som do Funk do Jeremias foi inventado em Copacabana, ali por volta de 2004 ou 2005, sob a liderança de Pedro Herkenhoff, com assistência de Rafik (Rafael Armenio), Rafael Grego e Mack, todos sob influência do trash, precursores ou simultâneos do Pânico Na TV. São deles outros funks de qualidade duvidosa e sucesso imediato como o Funk do Tapa na Pantera e aquele que rima pipoca e guaraná.

Mas o Funk do Jeremias bombou imediatamente Brasil afora, e essa turma de Copacabana não quis nem saber de nada, ficou lá na casa de Rafa produzindo alguns belos CDs de samba como o do MC Partideiro, sambista mangueirense e filho do velho e saudoso Bezerra da Silva, e produzindo algumas faixas de soul music para um belo disco de um cantor africano cujo nome agora me escapa. Os rapazes nem se deram ao trabalho de divulgar ou se promover, pensar num tipo de marketing qualquer. Nada, apenas enviaram o som para alguns sites funkeiros e só uns dois anos depois botaram no Youtube seus nomes, timidamente, quando já estava bombado o som original em vários videos nesta ferramenta fascinante da era digital.

A história do Funk do Jeremias é mais ou menos assim: Um belo dia, os jovens viram um vídeo trash, uma reportagem da TV de Caruaru com um jovem embriagado e preso pela polícia em Pernambuco. Acharam graça e resolveram musicar as falas do jovem preso. Imediatamente o sucesso levou outros criadores de música eletrônica a usar aquele original sonoro em vídeos diversos, muitos semelhantes ou iguais, apenas formulando às vezes pequenas variações no funk, e assim foram incontáveis outros filmetes, muitos deles com Jeremias como Geremias em sites, blogs e novas ferramentas como Facebook ou My Space.

A mais surpreendente apropriação do som original nascido em Copacabana foi feita há cerca de um ano com a Maisa, a menina estrela do SBT de Sílvio Santos.

Mas o funk de Pedro Herkenhoff e Rafael ilustra fillmetes com Chávez, Kiko, professor Girafales, políticos, celebridades, Lula etc e tal. Quem se der ao trabalho de ver quantas vezes o som deste funk em vários vídeos já foi ouvido, descobrirá algo em torno de 20 ou 30 milhões de hits... Suspeito que seja recordista disparado no Brasil, categoria lixo funk.

Para os mais atentos, observe-se que na apropriação do som da reportagem original de uma TV do Nordeste, a voz do jovem embriagado, aliás, um bebum extremamente simpático e bravo, foi toda modulada pelo funk, algumas modulações bem sutis, outras grosseiras, muitas inversões e repetições vocais, sons ficaram ora menos ou mais agudos, quase miados estridentes, por vezes ficaram melodiosos, enfim, um perfeito lixo que se tornou um embalo de repetições. Aliás, o funk, quase sempre, como a disco music, tem no replay dos batidões uma metáfora do batimento cardíaco. E este som até hoje é remixado várias vezes por novos jovens num processo que parece longe de ter um fim.

Embora eu seja suspeito para elogiar por ser pai de Pedro, o autor, desconfio que eles inventaram o pior funk de todos os tempos, e por isso mesmo, criaram um clássico do trash...

Há alguns anos, sugeri ao Pedro e seus amigos que trabalhassem em cima desse trash que talvez houvesse alguma serventia profissional futuramente. Mas ele se lixaram para o conselho nada funkeiro. Eu disse a eles que poderia falar com o amigo Tárik de Souza no Jornal do Brasil ou algum colega de O Globo para pautar, pelo menos registrar o fenômeno, o sucesso que, àquela altura, tinha apenas quase 10 milhões de hits no Youtube.

E hoje, sob os eflúvios da festa para 3 mil talheres, para a qual aliás o Correio da Lapa não foi convidado a enviar representante, com os anfitriões Lula e Dilma Rousseff servindo o prato sem graça do pré-sal eleitoral, resolvi postar, num contraponto com a irrealidade dos sonhos e da propaganda, essa história verdadeira: a construção diuturna do mau gosto nacional. Não surpreenderá ninguém se alguém usar o Funk do Jeremias para amanhã ilustrar a reportagem da festa dos 3 mil convidados do pré-sal.

Rafik , Pedro Herkenhoff e Rafael Grego tentaram levar adiante uma microempresa chamada R.E.E.O Records, mas foram muitas as dificuldades, despesas com aluguel de sala em Copacabana, impostos, burocracia, inexperiência, cobranças e principalmente uma tendência entre os jovens no mundo virtual: nada se compra, tudo se copia, se pirateia, e assim milhões deles no mundo inteiro vão levando a vida nesse Pânico no YouTube e no ibope das grandes redes de TV, vão levando esses jovens entre alguns frilas e muitas invenções.

Pedro, avisado de que eu iria postar essa história, me enviou o seguinte email agora há pouco de seu trabalho no Centro Rio, dando alguns pequenos esclarecimentos sobre a história: "Ainda tenho trilhas de áudio etc. A história resumida é mais ou menos isso: coloquei a mp3 em em um site brasileiro chamado Videolog, uma espécie de sucessor do Fotolog, que era o fenômeno da internet antes da explosão do Youtube. Depois de uns dois meses, o blog kibeloco.com.br (maior blog de humor do Brasil) postou o som, e mais tarde um cara de um forum chamado Adrenaline (www.adrenaline.com.br), uma espécie de comunidade de "geeks" e gamers em geral, fez o video e então colocou no Youtube. Meu lance é só o som, não o vídeo..."

Como uma homenagem ao trash dessa galera íntima, perpetrei uns riscados na mesma linha do Jeremias. Ei-los:

Noite do Funk do Jeremias Apaixonado

Eu sou o doido
Eu sou o índio
O cachaceiro
Sou Jeremias
O brasileiro
Eu matei tu?
Tei tua mãe?
Seu pudesse
Eu matava mil
Eu sou eterno
Eu sou moderno
Eu dou vexame
Eu uso terno
como quem faz
exame, às vezes...
de fezes... Claro...
Eu sou da noite
Um amor enluarado

Eu sou eu
O psicólogo
do Diabo

Sou a fila no hospital do governo
Eu sou a fila na escola pública
Faço propaganda da maldade
no bairro mais chique da cidade

Eu sou homem
Eu sou mulher
Eu sou velho
Eu sou criança
Eu sou gay
Sou sapatão
Eu sou você
Que confusão

Eu sou a contradição de querer
Sou o desejo de melhorar
Mas tá foda
Tá difícil pra caralho
Ou você é alto funcionário público
Ou carta fora do baralho

Sou da iniciativa privada
Sonego, não pago mais nada
Não agüento mais tanto imposto
nem político maquiando rosto

Também sou ternura
Amamentação
Lutando pra ajudar
Pai, filho, irmão

E levando essa conversa
conheci a tal de Ivete
De repente ela gritou
Eu quero pintar o sete
Quero pular a cerca mental
Que me separa do carnaval

Acho que vou superar

Isso aqui tá uma merda
Mas está legal
Ivete toda dengosa
vai gritando toda prosa:
Sete cinco nove! Sete nove cinco
Faz de conta que faz conta
Minha conta é na moral
Pra querer é começar
Um beijinho é normal

E assim Ivete cantava
E eu não mais pensava
que fosse doido ou índio
E mais, tive certeza
Doida e índia era ela,
Mas que mulher bela
Uma cachaceira
Mulher brasileira!
Ah! Ivete! Pena que não está mais aqui!
Xi! Olha ela aí de novo!


Correio da Lapa
Texto e versos de Alfredo Herkenhoff

Bafômetro vindo de fábrica

Bafômetro vindo de fábrica para frotas de empresas e órgãos públicos
A Toyota está bolando um equipamento que trava a ignição do carro quando o motorista tiver ingerido álcool. O aparelho vindo de fábrica tem bafômetro e câmera digital - detecta o consumo e fotografa o motorista assim que ele se senta ao volante. Se houver indicar índice excessivo, o sistema dá alerta ou trava a ignição - dependendo do nível do abuso. A montadora vai instalar em alguns caminhões e carros de frota de empresas e governos. Os flagrantes vão ser transmitidos diretamente para os responsáveis pelas frotas.

Flamengo lança DVD do pentatri


Flamengo lança DVD sobre os 15 campeonatos que deram o pentatri... Veja o poster da festa desta terça-feira, 1 de setembro de 2009, no Rio de Janeiro

Samba: The best dancer is Quiteria, a lovely Brazilian girl from Rio de Janeiro


Bravo Quiteria Chagas




Diga Império Meu
pra dançar mais do que ela
só alguém qu' inda nem nasceu

Imperiano em carta volta a criticar Liesa

Caro Alfredo,

A propósito da maneira como fui citado em Seu Correio da Lapa e apenas a título de esclarecimento: minha militância imperiana incondicional talvez esteja na origem da briga contra a imoral sociedade prefeitura-liesa – mas não luto pelo fim da Liga [é isto o que desejo, o fim da Liesa] com a intenção de beneficiar o Império Serrano.

Não.

Penso no carnaval das escolas de samba, pelo que sou apaixonado, e nos valores da cultura popular do Rio de Janeiro. Se o glorioso Império Serrano se faz presente nos escritos em que combato essa canalha é porque por meio dele – da experiência de o viver intimamente – travei contato com a forme torpe com que a contravenção intimida as escolas de samba.

Intimidação – esta é a palavra.

A licitação recém-anunciada pelo prefeito, que de resto servirá para legitimar o poder da Liesa [que a vencerá], faz densa fumaça para não clarear a questão decisiva: o julgamento. É por meio dele e somente com ele que a Liga se faz grande e amedronta. Controlada por três bicheiros [donos de três escolas...], o peso do julgamento, obscuro a cada ano mais, amarra, sob chantagem, as demais agremiações, que se mantêm alinhadas por medo absoluto.

O prefeito sabe disso. Que lançasse a licitação, ok. Mas que trouxesse para a prefeitura a responsabilidade estratégica que golpearia – decisivamente – a presença da contravenção no carnaval das escolas de samba. (E sem polícia)... Era num dia retirar da Liesa o domínio do júri e, no outro, ver a debandada das agremiações, afinal livres. (Não há, no carnaval, um modelo de representação positiva, como se vende por aí, de forma que me sinto agredido toda vez que leio Liesa como sinônimo do conjunto das escolas, já que esta “liderança” é artificial e se impõe – repito – pela intimidação).

A respeito, eis o que escrevi lá no Tribuneiros.com:

"Querem saber o motivo por que brigo para que a prefeitura - o Poder Público - controle o julgamento do carnaval das escolas de samba?

É simples: quem comanda o júri está no comando - e se impõe. Valor absoluto. Ponto estratégico.

Por isso lamentei - lamentarei sempre - que a licitação anunciada pelo prefeito Eduardo Paes sequer mencionasse o julgamento, deixando-o, sem ressalva sequer, com a Liesa. E é este desvio - esta marola, esta omissão - que faz do processo, já na origem, uma imensa farsa.

Bastava a municipalidade assumir o júri - e o carnaval voltaria a ser transparente e a ter um resultado em que se pudesse acreditar. E nem precisaria de licitação… Que se deixasse todo o resto com a Liesa; ela não seguraria a onda. Golpeada no julgamento, onde e somente onde se faz grande, aos poucos se abriria, perderia peso, mostraria a podridão de suas entranhas, e logo começaríamos a ver a debandada de escolas de samba que ali só estão alinhadas por medo.

O prefeito sabe - já me disse - que o julgamento do concurso é a questão decisiva, que é por meio dele que poucas escolas [aquelas duas ou três poderosas, as que são comandadas pelos bicheiros supremos] subjugam as demais; mas preferiu deixar escapar, nesta conversa mole de licitação do irrelevante, uma oportunidade histórica de defender o patrimônio cultural do Rio de Janeiro."
Retomar o julgamento não seria uma decisão superficial: o carnaval é feito com dinheiro público graúdo [quase R$ 40 milhões em 2009] e num espaço público importante. A prefeitura é a responsável por um evento que entregou ao jogo do bicho – o que ficou patenteado na forma inacreditável como a Cidade do Samba, patrimônio público municipal, foi dada [por Czar Maia] à Liesa, sem sequer uma falsa licitação.

Assim, porquanto se trate de causa maior, não gostaria de que essa luta específica fosse confundida com um pleito exclusivo do Império Serrano, a minha escola; que, sim, enfrenta enormes dificuldades, nenhuma delas, porém, a passar pela falta de um bicheiro a lhe prover. A agremiação, cheia de problemas estruturais hoje, já teve bandidos no comando, mas eleitos democraticamente – o que há de fazer toda a diferença. (Desfilo no Império desde 1995 e já fui rebaixado quatro vezes desde então, todas justas – mas não, jamais, esta última, a de 2009, um crime).

Um ponto importante: o Império Serrano, num modelo transparente de carnaval, talvez não vencesse o concurso; mas decerto que encontraria na estabilidade, não sendo rebaixado bárbara e injustamente como em 2009 [por motivos, insisto, mui pouco carnavalescos], meios de se reestruturar e, por que não?, modernizar-se.

Fato é que, do jeito como a coisa se organiza, e com a chancela covarde do prefeito, o Império Serrano [e isto serve para qualquer escolas que questione a Liga] sofrerá profundas e persistentes retaliações por ter se oposto publicamente ao sistema – e, desprotegido, faça o carnaval que fizer, restará uma década no Grupo de Acesso.

Obrigado.

Um abraço,

Carlos Andreazza

Marina, a jaguatirica, e 190 milhões de convidados

Marina Silva é Verde e quer ser a Primeira Mulher a Mandar no Brasil


Os dois filhotes de Leopardo da Neve têm os nomes em inglês de Double e Trouble. Ou Duplo e Problema. No Brasil, se fossem encontrados vagando pela estrada por algum valoroso amigo do Ibama, seriam batizados de Rousseff e Marina.


Esse Leo aí tem cara de ser o cara...

A senadora e militante ecologista Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente, oficializou sua filiação ao Partido Verde (PV), durante convenção da legenda realizada no Espaço Rosa Rosarium, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo.

Marina, que por 24 anos foi do Partido dos Trabalhadores (PT), disse que só no ano que vem decidirá se vai disputar a Presidência da República como candidata do PV. Mas a senadora se declarou pré-candidata à sucessão de Lula.

“Me sinto honrada com o convite para ser candidata a presidente" afirmou Marina, muito aplaudida por militantes e líderes do PV. A senadora ressaltou que, se for candidata, usará como plataforma as questões ambientais. Para ela, o Brasil tem condições de conciliar o crescimento econômico e o desenvolvimento social com a sustentabilidade.

Comentando a notícia

Terá Marina um papo de Barack Obama? Carisma, onde? Exala ressentimentos? Aguentaria pressões? Como estarão Marina Silva e a candidata petista Dilma Rousseff na próxima pesquisa? Jeaguatirica em pele de cordeiro? Mulher do Acre, território da esperança, será a senadora universalista como é universal a ameaça de extinção de diversas espécies? Vejam os ameaçados leopardos da neve que nunca caçaram entre os seringais. Mas ninguém em metrópoles como Rio de Janeiro e São Paulo quer saber da sorte desses maravilhosos felinos dessas duas fotos. Neguinho quer mais é consumir mais, quer mais qualidade de vida... Será que Marina banca a festa para 190 milhões de convidados? (Agência Brasil com Alfredo Herkenhoff)

Crônica da festa do Pré-sal de Lula e 3 mil convites

Questões sem respostas

no futuro da Petrobras

Que venham os noruegueses!

Antes de adentrar no campo confuso do Pré--Sal, com Lula dizendo que hoje, 31 de agosto, é um dia histórico para o Brasil, comparando hoje ao Dia da Independência, 7 de setembro de 1822, vamos ver uma historinha ilustrativa sobre boleia de caminhão para apimentar discussões que a grande mídia quase nunca ousa instigar acerca de extração de petróleo a 7 mil metros abaixo do fundo do mar.


Luciana Gimenez na boleia com o ator Luciano Zsafir (fotos nesse megapost petrolífero são meramente ilustrativas, são quimeras, metáforas do pré-sal)


A palavra boleia é uma dessas que assumem significados quase contrários e próximos. Designa no uso mais comum a cabine de um caminhão, mas também foi apropriada por gente humilde no campo para nomear aquela parte de madeira que lhe fica logo atrás, ou seja, o madeirame na frente da carroceria. Sem maiores considerações, eis o que diz nosso pai Aurélio sobre boleia:

S. f.

1. Peça de pau fixa na lança da carruagem, e à qual se prendem os tirantes.
2. Assento do cocheiro.
3. A parte fronteira superior de uma diligência.
4. A cabina do motorista, no caminhão.
5. Lus. V. carona (2).

Um pequeno comerciante numa roça perto de uma cidade pequena tinha um caminhãozinho caindo aos pedaços. Um dia foi comprar uma ferramenta na cidade e voltou com uma novidade.

Mulher, comprei este bilhete inteiro da Loteria Federal e acho que vamos comprar um caminhão de verdade com o prêmio.

Que legal, disse Dona Rosineide, interrompida pelo filho de oito anos que gritou: oba,eu vou agarrado na boleia.

O marido, Seu Zezinho Arteiro, ralhou de pronto cortando a onda do moleque: Vai na boleia coisa nenhuma que é perigoso.

Eu vou agarrado na boleia, insistiu o garoto.

Rosineide lhe veio em apoio: Ah, pode ir na boleia que Pedrinho é esperto.

Eu vou na boleia, gritou de felicidade o menino.

Não vai na boleia coisa nenhuma, não pode ir na boleia, nem a polícia deixa na estrada...

Bobagem, homem, nosso filho pode muito bem ir agarradinho na boleia do caminhão.

Eu vou na Boleia.

Não Vai.

Ele vai.

O Mulher, não enche, não vai.

Vai.

Eu vou na boleia.

Não vai, gritou o pai, e ao gesticular, sem querer abriu os dois os braços tão bruscamente que acertou a face da esposa, que se enfureceu e deu um grito que só uma mulher enlouquecida consegue dar:

Meu filho vai na Boleia.

O garoto, também nervoso, gritou um agudo de doer nos tímpanos: Eu vou na Boleia.

O pai se levantou e ameaçou bater no filho. Não vai.

Ele vai, sim.

O pai abriu a mão direita e estalou um tabefe no ombro da amorosa Rosineide, que tentou reagir mas foi contida por ele aos gritos: Não vai na boleia.

A mãe chorando: Ele vai sim na boleia.

Pedrinho chorando: Eu vou na boleia.

E no fim do dia o bilhete deu em branco.

Moral da História.

Hoje é dia de Boleia em Brasília.


A mídia brasileira testemunhando a presença de 3 mil convidados na boleia do caminhão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para ouvi-lo lançar sugestões de mudança na legislação que envolve o setor de petróleo, com o argumento de que existe fartura do combustível preto entre 5 mil e 8 mil metros de profundidade.

Por enquanto, a Petrobras só retirou amostras, pistas do óleo abaixo da camada de dois quilômetros de sal compactado, sal que corrói naquelas pressões quase inimagináveis os equipamentos desenvolvidos até hoje pela tecnologia.

O grosso dos 15 bilhões de barris da reserva do Brasil está na camada do pós-sal, ou seja, acima dos dois quilômetros, isto é, sob o leito marinho, variando de 100 metros a 3 mil metros. Este é o petróleo real.

Cada 100 metros mais fundo é um desafio tecnológico. Ninguém sabe ainda qual será a tecnologia, quais os custos,e quais os parceiros para desenvolvê-la.

Mas a ministra Dilma Rousseff, ex-titular da pasta de Energia, está na festa com os 3 mil convidados. Nunca na história do Brasil um projeto de lei (a ser votado no Congresso) foi tão formalmente festejado. Isso é suspeitíssimo. Se isso não é campanha eleitoral talvez seja petroleira, sindicalismo com atraso.

A Noruega, que já teve muito petróleo, fundiu as duas grandes companhias do setor e trabalha até em parceria com a Petrobras no Brasil e no exterior.

Mas, em meados dos anos 60, um então ministro de Energia da Noruega afirmou que se existisse petróleo no Mar do Norte, ele fazia questão de pessoalmente bebê-lo todinho, gota por gota.

Um ou dois anos depois, Oslo e Londres anunciariam megadescoberta sem papo de boleia. Hoje a cada dez poços que fura, a Noruega só acha petróleo em um. O Mar do Norte está acabando. Mas a Noruega, o país de população pequena, nenos de 5 milhões, economizou grana e desenvolve tecnologia de ponta. O fundo soberano deles é uma reserva com cerca de uns 400 bilhões de dólares, o dobro da reserva do Brasil com 190 milhões de habitantes.

A Petrobras, no nosso litoral, a cada três poços, encontra um bom. Mas tudo no pós-sal, isto é, na parte de cima que antes era aclamada como regiões ultraprofundas. Que adjetivo usar para 7 mil ou 8 mil metros? O pré-sal está gasto, parece um cascatol antigo que o PT insiste em tornar bordão da Petrobras, ameaçada de virar a segundinha, só porque o governo federal não tem garra para comprar açoes da estatal de volta, posto que são negociadas diariamente em bolsa .

Não existe apenas insegurança nessas mudanças de Lula alterando regras do jogo. O marco regulatório em vigor levou o Brasil a avançar na pesquisa e produção de petróleo. Dar a essa possível nova jazida este caráter de redenção é mero uso político. Criar uma segunda Petrobras tem cara de política de Hugo Chávez. Por ora, tudo não passa de propaganda maciça do governo, como se o pré-sal fosse uma dádiva, uma realidade divina.

No último mês de abril, a Revista Newsweek publicou matéria de capa, dizendo: Petróleo, sempre mais barato. Oil , forever cheaper. A revista mostrou, ao descontar as inflações dos últimos 150 anos, que o petróleo só fez ficar mais barato, mesmo com previsões catastróficas de extinção do combustível não renovável. E a tendência, sempre segundo a revista, com as novas tecnologias no mundo digital, é desenvolver modelos sustentáveis de energia como as eólicas, solares, nucleares, etanóis etc.


O petróleo, hoje ainda movendo automóveis e fábricas, vai continuar tendo importância, mas relativamente menor do que nos últimos 150 anos.

Antes de Barack Obama terminar o último ano do seu provável segundo mandato, os EUA já estarão com uma parte da frota movida a etanol e eletricidade. Europa e Japão estão lançando carros elétricos no mercado consumidor já em 2010. Não é mais ficção. A Fiat ficou um pouco atrasada nesse campo.

O petróleo da Indonésia sustentou as máquinas do mundo na primeira metade do século 20, mas o arquipélago asiático se lascou. A Nigéria é abundante em petróleo e nada de fazer de inclusão social, país cheio de corrupção e à beira de um ataque de nervos, ou guerra civil com muçulmanos radicais enfrentando o que consideram cristãos demonizados.

Já na França, 95% da energia elétrica é gerada por urânio enriquecido.

Quanto custa uma produção maciça do petróleo a 7 mil ou 8 mil metros? Ninguém sabe. A mídia no Brasil quase só reproduz o que a Petrobras bloga, quase sempre só temos achismo, uma sucessão de clonagem. As discussões estão politizadas também no campo da oposição.

O petróleo, ninguém sabe quanto, abaixo do sal entre 5 e 8 mil metros, totalizaria, na pior das hipóteses, algo em torno de 30 ou 35 bilhões de barris, ou mais que o dobro das reservas confirmadas e comerciais de hoje. Nas previsões otimistas, o óleo das funduras sob as rochas de sal totalizariam de 60 a 80 bilhões de barris. E o Brasil já ficaria entre as 10 maiores reservas. E na versão hiper otimista, o Brasil teria 130 bilhões de barris nas cavernas abaixo das montanhas invertidas de sal, e subiria ao pódio das jazidas campeãs.

Mas quanto custa e quem vai desenvolver os tubos para injetar pressão de um lado e extrair gás e óleo da outra mega mangueira com os mais resistentes componentes jamais produzidos pela ciência?

Estima-se, numa chutologia, que custaria algo hoje em torno de 30 a 50 dólares o Barril. Hoje o custo está em torno de uns 15 dólares no Brasil, talvez. O preço que se paga é o resto: é imposto, que a Petrobras, mesmo tendo o governo apenas maioria de capital votante, ainda é a grande caixa recolhedora de tributos. Não é a coitada da Lina Vieira e outros auditores o problema do fisco. O problema é a injustiça e a ineficiência do sistema que taxa a gente mais pobre via Petrobras.

Mas hoje é só festa. Lula meio chateado porque encontrou dois probleminhas de última hora a ameaçar a solenidade para os 3 mil convidados. Um foi a reunião com os governadores José Serra, Paulo Hartung e Sérgio Cabral. Lula recuou sem que Serra precisasse falar muito, o que seria visto como política eleitoral. Sérgio Cabral foi o porta-voz da trinca. Sem papas na língua, Cabral mandou o recado ao amigo Lula: Vocês discutiram as mudanças em segredo durante um ano e agora a gente vai entubar em uma semana? Lula recuou. Não mexe nos royalties do Sudeste. O encontro durou cinco horas. Esse tempo dá a dimensão de que não se tratou de formalidade. Rio, SP e Espírito Santo vão ficar como estavam. Grosso modo, o esquema atual é 50% de royalties para a União, 25% para os Estados, e 25% para municípios próximos das áreas de extração e produção.

Outra coisa que deve ter irritado Lula e Dilma foi o agendamento da senadora Marina Silva para a cerimônia deste domingo, quando ela assinou a ficha de filiação ao Partido Verde. Marina se declarou pré-candidata à sucessão de Lula. Talvez só não tenha sido lançada formalmente no domingo por temerem os verdes que, do mesmo modo, a festa com 3 mil convidados de Lula em Brasília atrapalhasse a visibilidade da senadora na mídia.

Nunca esquecer que uma notícia forte mata outra menos quente.

Existe pré-sal em outros mares e oceanos? Existe estudo sério na Petrobras sobre o declínio relativo do petróleo como matriz energética principal da humanidade? Um pré-sal, muito além de águas territoriais, a quem pertenceria? A quem chegar primeiro? E se o custo de um barril a oito mil metros ficar em torno de 60 dólares e a cotação do mercado daqui a dez anos ficar a 70 dólares, a valor de hoje, descontando a inflação dessa pequena década futura? Quem bancaria os riscos de tanto investimento em tecnologia ainda inexistente em escala?

Nunca esquecer que o norte-americano Walter Link, no início dos anos 60, fez um estudo geológico para a Petrobras e concluiu que o petróleo brasileiro seria encontrado no mar, bem no fundo. Foi massacrado pela nossa imprensa. E o gringo estava coberto de razão:100%. Precisamos de estrangeiros idôneos e competentes para falar do nosso pré-sal, sem esse envolvimento da política partidária que vai hoje bebericar o anúncio de Mr. Lula da Silva. Que venham os noruegueses.

Por enquanto, a verdade é que está todo mundo com um bilhete da loteria brigando sem saber quem vai na boleia do caminhoneiro Lula, um presidente geólogo na estrada da festa que talvez seja mera ilusão.

Por Alfredo Herknhoff - Correio da Lapa


Para ver uma resenha do Correio da lapa sobre a reportagem da Newsweek explicando o barateamento histórico do preço do petróleo, atenção para os nossos links a seguir:


http://correiodalapa.blogspot.com/2009/07/correio-da-lapa-e-petroleo-post-de-25_20.html

http://correiodalapa.blogspot.com/2009/04/petroleo-barato-no-mundo-pre-sal_25.html



http://correiodalapa.blogspot.com/2009/04/petroleo-barato-no-mundo-pre-sal.html

Back 2 Black, ingresso caro. Festival não lotou



Mulher de Mandela cancela participação no festival Back 2 Black

Fracasso de público e preços senão exorbitantes, pelo menos irritantes: 80 reais a entrada!

O festival refletiu o significado de ser negro no Brasil. Sem entrar no mérito da excelente qualidade dos participantes, entre pensadores e artistas, registre-se aqui no Correio da Lapa o que a grande mídia não martelou:
A maioria negra do Brasil não tem 80 reais para pagar a organizadores de festival, um evento fechadíssimo na estação ferroviária Barão de Mauá (fotos), a imponente edificação na Avenida Francisco Bicalho. Na grande gare desativada - a estação também é chamada de Leopoldina - cabem cinco mil pessoas, mas a festa só atraiu metade de que seria público máximo, e considerando que havia exposições, palestras e espetáculos, ao longo de várias horas durante três dias, poderia ter rolado um grande rodízio de gente, mas aqueles preços! Ou seja, vão dizer que foi um sucesso de público, mas só de mídia, os números não mentem. E os lucros não se comentam...

A própria estrutura do festival foi a confirmação de que não passou de uma festa elitizada, para poucos, especialmente poucos negros que escaparam das mazelas e injustiças desse sistema cruel na sociedade brasileira.
Muito mais bacana se o evento, a parte de música, tivesse acontecido por exemplo no Largo dos Arcos da Lapa, em associação com outras instituições fechadas para a parte de palestras e exposições. A Esplanada dos Arcos da Carioca hoje está ocupada por barraquinhas simetricamente enfileiradas pela nova administração municipal, matando uma área nobre que merecia festa de largo toda semana, espetáculos verdadeiramente populares.


Tristeza, mas deu na agência Efe:

A moçambicana Graça Machel, casada com o líder sul-africano Nelson Mandela, cancelou participação na conferência de domingo no encerramento do festival Back 2 Black, no Rio de Janeiro, devido a problemas de saúde. Graça Machel falando: "Eu tinha aceitado, muito honrada, o prestigioso convite para participar da iniciativa de celebração de África no Brasil. Acontece que, inesperadamente, fiquei impossibilitada de viajar, por motivos de doença. Lamento profundamente este fato". Será a gripe A?

Na mesma postagem, a organização do evento informa que a conferência que contaria com a participação da ativista, intitulada "A África na Construção do Mundo. O Futuro", aconteceria com a presença dos dois outros convidados, a economista zambiana Dambisa Moyo e Gilberto Gil, com mediação do diplomata Alberto da Costa e Silva, membro da Academia Brasileira de Letras.


Ex-ministra da Educação em Moçambique nos anos 70 e 80, Graça Machel participou ativamente da luta pela independência do país, que foi colônia portuguesa até 1975. Ela foi casada com o primeiro presidente moçambicano, Samora Machel, falecido em 1986 em um acidente de avião, e se uniu a Nelson Mandela em 1998.

O Back 2 Black chegou ao fim neste domingo depois de três dias de debates e shows. No encerramento, artistas de diversas partes do mundo como a célebre cantora cubana Omara Portuondo (que gravou um álbum com Maria Bethânia lançado em 2008), a beninense Angélique Kidjo e artistas brasileiros como Luiz Melodia e Dona Ivone Lara dividindo o palco sob o comando de Mart'nália.

Petróleo e pré-sal, Lula e mudanças (parte 1)


Marco regulatório, que será apresentado nesta segunda, aumenta a participação do Estado na indústria do petróleo.

Da BBC Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresenta nesta segunda-feira, em Brasília, pelo menos três projetos de lei que preveem mudanças nas regras que regem a indústria do petróleo no país.

O pano de fundo do novo marco regulatório são as reservas de petróleo da camada pré-sal, que podem ser até quatro vezes maiores que as reservas até então conhecidas no país.

O principal argumento do governo é de que a descoberta abre caminho para poços de alto potencial e risco exploratório praticamente nulo - e que, por esse motivo, merecem ser explorados sob novas regras, com maior participação do Estado.

Já o setor privado diz que a lei atual é transparente e muito bem vista pelo mercado, e que mudá-la pode afastar futuros investidores.

A proposta, que será apresentada durante uma cerimônia para 3 mil convidados, ainda precisa ser aprovada pelo Congresso.

Entenda a discussão sobre o marco regulatório para o pré-sal.

O que motivou o governo a defender regras diferenciadas para o pré-sal?

São dois os principais motivos apresentados pelo governo Lula que justificariam a definição de um novo marco regulatório para a exploração do petróleo da camada pré-sal.

Um deles é que as empresas terão acesso a reservas de alto potencial e com risco exploratório praticamente nulo. A visão é de que, como os lucros serão maiores, é justo que uma fatia maior desses recursos fique com a sociedade - ou seja, com o governo.

Uma das propostas é depositar esses recursos em um fundo para uso específico, que permita maiores investimentos nas áreas social e de infraestrutura.

Além disso, o governo teme que o aumento das exportações de petróleo gere uma enxurrada de dólares no país.

A entrada da moeda estrangeira de forma excessiva tende a valorizar a moeda nacional, prejudicando as exportações em outros setores - fenômeno que os economistas chamam de "doença holandesa".

Uma saída, nesse caso, seria não gastar os recursos do petróleo, mas sim colocá-los em algum tipo de aplicação financeira. Dessa forma, o governo poderia usar apenas os rendimentos - poupando a maior parte do dinheiro para gerações futuras.


A descoberta do pré-sal também trouxe à tona a discussão, dentro do governo, sobre quem deve ter o controle de uma matéria-prima considerada estratégica: se a sociedade (Estado) ou as empresas.

Durante um discurso no ano passado, o presidente Lula disse que, com o pré-sal, "Deus está dando uma nova chance ao Brasil" e que o país precisa decidir se esse lucro vai ficar com as empresas ou se será usado para fazer "reparações históricas".

"Esse patrimônio é da União, de 190 milhões de brasileiros. Precisamos utilizá-lo para fazer reparação aos pobres deste país", disse o presidente.

As justificativas do governo têm sido criticadas? Por quê?

Sim. Representantes do setor privado, assim como partidos da oposição e grande parte dos especialistas questionam o conceito de "risco zero" que o governo aplica ao pré-sal.

O principal argumento do governo para aumentar sua participação nesse mercado é de que o pré-sal vai proporcionar uma espécie de resultado garantido às empresas.

Os críticos dizem, no entanto, que não é possível afirmar que o risco de exploração seja nulo.

"Pode ser que o governo tenha alguma informação privilegiada. Mas o fato é que risco zero na exploração petrolífera seria um caso único", diz o professor Edmilson Moutinho dos Santos, do Instituto de Engenharia da Universidade de São Paulo (USP).

Como é a lei do petróleo aplicada atualmente no país?

As regras de exploração e produção de petróleo no país foram definidas pela Lei 9.478, de 1997, que quebrou o monopólio da Petrobras, permitindo a entrada de competidores estrangeiros no mercado brasileiro.

Desde então, o regime adotado no país passou a ser o da "concessão": ou seja, o setor privado adquire o direito de explorar determinada área, mediante uma série de pagamentos ao poder público, como bônus, royalties e participações especiais.

No ano passado, esses recursos somaram cerca de R$ 22 bilhões. De acordo com a legislação, cerca de 60% desse dinheiro vai para a União e os 40% restantes para Estados e municípios onde o petróleo é explorado.

Os especialistas dizem que a lei brasileira é "bem respeitada" internacionalmente por sua transparência e que a competição ajudou o país a se modernizar. A participação da indústria do petróleo no PIB, que era de 3% na década de 90, hoje é de 12%.

O modelo de concessão é comum entre os países mais desenvolvidos, como Estados Unidos, Noruega, Canadá, Grã-Bretanha e Austrália.

Quais são as características do modelo de marco regulatório que será apresentado pelo governo?

Os detalhes serão conhecidos oficialmente nesta segunda-feira, mas representantes do governo vêm adiantando alguns pontos nos últimos meses.

Tudo indica que o Palácio do Planalto escolheu o modelo da partilha, no qual o Estado se torna sócio das empresas no empreendimento. Ou seja, parte ou até mesmo a totalidade do petróleo fica nas mãos do governo, enquanto as empresas são remuneradas pelo serviço de exploração, além de receberem parte do lucro.

Além de ampliar os ganhos do governo no processo, o regime da partilha traria ainda solução para um outro problema: existe a possibilidade de que os poços estejam de alguma forma interligados - e no regime de concessão, uma empresa poderia acabar "invadindo" o espaço da outra.

Para administrar suas reservas, o governo vai sugerir ao Congresso a criação de uma nova estatal do petróleo, que diferentemente da Petrobras, terá apenas o governo como sócio.

Nesse modelo, ganha a licitação a empresa que oferecer a maior parcela de petróleo ao Estado. A partilha é adotada principalmente na África (Líbia, Egito, Nigéria, por exemplo) e na Ásia (China e Índia).

Além disso, pela proposta brasileira, está previsto que a Petrobras tenha participação mínima garantida em cada consórcio vencedor.

O ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, disse que essa participação deverá ser de 30% da composição acionária.

O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, diz que o modelo de partilha proposto pelo governo brasileiro é "diferente" do modelo tradicionalmente conhecido - e que por isso é difícil prever como o mercado vai reagir às mudanças.

"No nosso caso, o governo terá a participação direta, por meio da partilha e também indireta, pois a Petrobras, uma empresa (estatal) estará operando todos os poços do pré-sal. É um modelo desconhecido", diz Pires.

Quais são as principais críticas ao modelo de partilha?

Um dos principais argumentos é de que a maior ingerência do governo na exploração e produção de petróleo tende a tornar o mercado menos eficiente.

Nesse contexto, é comum que as decisões sejam tomadas com objetivos políticos, em detrimento de aspectos técnicos e mercadológicos.

Além disso, os críticos à proposta do presidente Lula dizem que a legislação em vigor permite que o governo amplie seus ganhos com a exploração do petróleo, sem que para isso tenha de criar uma nova estatal.

"O governo poderia ampliar a participação a que tem direito sobre a receita das empresas, por decreto mesmo", diz Wagner Victer, ex-secretário de Energia do Estado do Rio de Janeiro.

Segundo ele, a ideia do governo de criar um fundo social é "legítima", mas que não é preciso mexer na lei do petróleo para isso.

"Bastaria o governo aumentar a alíquota cobrada das empresas e com esse 'plus', captar o fundo", diz.

Na avaliação de Victer, a crítica quanto à proposta do governo não é tanto quanto ao conteúdo, mas sim quanto ao fato de representar "uma ruptura com um modelo que está dando certo".

"Marcos regulatórios precisam de perenidade. Diante de mudanças e indefinições, o investidor pode optar por outro país. O pré-sal não existe apenas no Brasil", diz.

Petróleo e pré-sal, Lula e mudanças (parte 2)


Quais as implicações políticas da mudança sugerida pelo governo?

No regime da partilha, defendido pelo governo, a participação do Estado na indústria do petróleo é significativamente maior do que no regime de concessão atualmente adotado.

A equipe do governo Lula diz que a medida é essencial para garantir que as riquezas geradas por essa indústria fiquem no país - e que sejam ainda maiores, suficientes para financiar grandes investimentos.

Grande parte dos especialistas, no entanto, argumenta que a ingerência do Estado nesse mercado pode gerar corrupção e uso das riquezas para fins eleitorais.

No caso específico do presidente Lula, existe a crítica de que o pré-sal esteja sendo usado como uma das bandeiras para a eleição da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

O diretor da CBIE, Adriano Pires, diz que a mistura de petróleo com política costuma gerar "desconfianças" e "casos reais de mau uso da riqueza".

"A mistura de política com petróleo não tem nos dado exemplos positivos ao longo da história", diz Pires.

Ele cita como exemplo países do norte da África e do Oriente Médio, que apesar de ricos em petróleo, não conseguiram distribuir essa riqueza a toda população.

"É o que se chama de maldição do petróleo. A riqueza está lá, mas não há desenvolvimento econômico com distribuição de renda", diz.

Petróleo e pré-sal, Lula e mudanças (parte 3)


Com o anúncio da proposta, qual o próximo passo?

Os projetos de lei seguem para o Congresso em regime de urgência, o que pressiona as duas casas a analisar as propostas em um prazo de até 90 dias. Caso contrário, a pauta do Legislativo é trancada e nenhuma outra matéria poderá ser votada.

O Palácio do Planalto tem a expectativa de que os quatro projetos sejam votados ainda este ano, mas parlamentares disseram à imprensa, logo após reunião com o presidente Lula, que o prazo mais provável é de que a decisão fique para o primeiro semestre de 2010.

Os dois principais partidos da oposição (DEM e PSDB) vêm criticando não apenas o conteúdo das propostas, como também a forma com que estão sendo apresentadas, "apressando" uma decisão do Legislativo.

O vice-líder dos Democratas, deputado José Carlos Aleluia (BA) disse que o clima na Câmara para discussão da matéria "não será amistoso".

Muitos deputados oposicionistas questionam por que o presidente convidou 3 mil pessoas para anunciar algo que ainda é um projeto de lei, ou seja, que precisa ser aprovado pelo Congresso.

Um outro importante obstáculo à proposta do presidente Lula são os deputados e senadores ligados aos Estados e municípios produtores de petróleo. Pela proposta do governo, ambos perderiam receitas com royalties.

BBC Brasil -


Belchior, novas músicas, nova mulher e velhos problemas


Belchior se nega a falar no Uruguai sobre atraso de pagamento de pensão e de processo movido por ex-mulher. Seria o Uruguai um refúgio contra os riscos de prisão por P.A.? Ao Fantástico, músico também não falou sobre outras supostas dívidas

O músico Belchior, cujo desaparecimento virou notícia nesta semana na imprensa brasileira e mundial, está vivendo em San Gregorio de Polanco, no Uruguai. A edição online do jornal uruguaio El País foi quem primeiro noticiou o paradeiro do cantor, embora a descoberta já tivesse sido feita pelo Fantástico, que exibiu uma entrevista no domingo.

Depois de uma semana de especulações – geradas pela reportagem que o programa exibiu no domingo anterior, em que amigos e parentes davam pela falta do cantor – a equipe do Fantástico encontrou Belchior numa pousada. Depois de uma longa negociação com sua atual companheira, Edna Assunção de Araújo, o compositor decidiu conversar com os jornalistas.

À noite, na área externa da cabana onde está morando, alegou não estar desaparecido, dizendo que vive em São Paulo, mas que vai ao Uruguai com frequência.

– Nas últimas semanas eu estava aqui, é a segunda vez que venho de lá para cá, estou fazendo um trabalho muito especial aqui – explicou o cantor.

Bem-humorado, diz que está traduzindo suas canções

Isolado, ele disse que está compondo para um novo disco, que deve chegar ao mercado no começo do próximo ano. Mas que atualmente está trabalhando na tradução de sua obra para o espanhol, pois pretende lançar uma coletânea bilíngue para breve.

– Tenho uma ligação muito grande com a América Latina. Eu sou apenas um rapaz latino-americano – disse, brincando com o verso de uma de suas canções mais famosas.

Mas o bom humor acaba quando questionado sobre o motivo de seu exílio voluntário e repentino. Os veículos abandonados que acumulam dívidas de estacionamento, o apartamento deixado as pressas e o processo que sua ex-mulher move por conta de pensões atrasadas são assuntos que Belchior preferiu não falar.

– Eu não vou responder. Eu não tenho menor interesse na vida privada de nenhuma pessoa, sabe? Nada, em nada – rebateu.

Ao saber de movimentos virtuais que pedem seu retorno ao Brasil, Belchior disse estar feliz por se sentir amado e requisitado. Reforçou também que a comoção terá sucesso. Aproveitou para mandar abraços aos filhos e reacendeu a esperança dos fãs de vê-lo sobre o palco novamente:

– Assim que terminar esse trabalho aqui, com certeza eu vou de volta pra minha cidade amada, pra os lugares mais queridos do Brasil, vou fazer show, vou lançar um disco com canções novas, e eu tenho certeza que vai ser simplesmente a continuidade do amor que o povo do Brasil sabe que eu tenho por ele, sabe? Eu tenho o maior carinho, o maior amor, por todas as pessoas que têm como seu trabalho fundamental o exercício da palavra cantada, sabe?

Fonte; Estadão

domingo, 30 de agosto de 2009

Raikkonem vence GP belga, Rubinho volta ao normal

Button não completa e vê Barrichello, Vettel e Webber no retrovisor se aproximando na tabela da esperança, faltando cinco GPs para a definição do campeã0 de 2009


Na longa e espetacular pista de Spa-Francorchamps, a Ferrari conseguiu sua primeira vitória na temporada 2009 da Fórmula 1. O finlandês Kimi Raikkonen venceu pela quarta vez na Bélgica, quebrando um longe jejum que durava desde o GP da Espanha do ano passado.

Ele ganhou com menos de um segundo de vantagem para o italiano Giancarlo Fisichella, que surpreendeu conquistando o primeiro pódio da história da equipe Force India.

Resultado do GP da Bélgica:

1: Kimi Raikkonen (FIN/Ferrari) - 44 voltas, em 1h23min50s995
2: Giancarlo Fisichella (ITA/Force India) - a 0s939
3: Sebastian Vettel (ALE/Red Bull) - a 3s875
4: Robert Kubica (POL/BMW) - a 9s966
5: Nick Heidfeld (ALE/BMW) - a 11s276
6: Heikki Kovalainen (FIN/McLaren) - a 32s763
7: Rubens Barrichello (BRA/Brawn) - a 35s461
8: Nico Rosberg (ALE/Williams) - a 36s208
9: Mark Webber (AUS/Red Bull) - a 36s959
10: Timo Glock (ALE/Toyota) - a 41s490
11: Adrian Sutil (ALE/Force India) - a 42s636
12: Sébastien Buemi (SUI/Toro Rosso) - a 46s106
13: Kazuki Nakajima (JAP/Williams) - a 54s241
14: Luca Badoer (ITA/Ferrari) a - 1min37s177

Não completaram:


Fernando Alonso (ESP/Renault) - 27 voltas
Jarno Trulli (ITA/Toyota) - 22 voltas
Jenson Button (GBR/Brawn) - 0 voltas
Romain Grosjean (FRA/Renault) - 0 voltas
Lewis Hamilton (GBR/McLaren) - 0 voltas
Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso) - 0 voltas

Com a vitória no GP da Bélgica de F-1, o finlandês Kimi Raikkonen, da Ferrari, ganhou duas posições na classificação do Mundial, subindo de sétimo para quinto. Foi o terceiro pódio seguido de Raikkonen, curiosamente nas três corridas que o brasileiro Felipe Massa não pôde disputar devido ao acidente no treino classificatório na Hungria.

O líder do Mundial, o inglês Jenson Button, vê a aproximação do brasileiro Rubens Barrichello e do alemão Sebastian Vettel.

Mundial de Pilotos (após 12 etapas):


1 Jenson Button (GBR/Brawn) - 72 pontos
2 Rubens Barrichello (BRA/Brawn) - 56
3 Sebastian Vettel (ALE/Red Bull) - 53
4 Mark Webber (AUS/Red Bull) - 51,5
5 Kimi Raikkonen (FIN/Ferrari) - 34
6 Nico Rosberg (ALE/Williams) - 30,5
7 Lewis Hamilton (GBR/McLaren) - 27
8 Jarno Trulli (ITA/Toyota) - 22,5
9 Felipe Massa (BRA/Ferrari) - 22
10 Heikki Kovalainen (FIN/McLaren) - 17
11 Timo Glock (ALE/Toyota) - 16
12 Fernando Alonso (ESP/Renault) - 16
13 Nick Heidfeld (ALE/BMW) - 10
14 Giancarlo Fisichella (ITA/Force India) - 8
15 Robert Kubica (POL/BMW) - 8
16 Sebastien Buemi (SUI/Toro Rosso) - 3
17 Sebastien Bourdais (FRA/Toro Rosso) - 2

Mundial de Construtores:


1 Brawn/Mercedes - 128 pontos
2 Red Bull/Renault - 104,5
3 Ferrari - 56
4 McLaren/Mercedes - 44
5 Toyota - 38,5
6 Williams/Toyota 30,5
7 BMW Sauber - 18
8 Renault - 16
9 Force India/Mercedes - 8
10 Toro Rosso/Ferrari - 5


E no Estadão o Grande Prêmio foi visto assim:

Raikkonen interrompeu neste domingo um jejum pessoal de quase um ano e meio na Fórmula 1. O campeão de 2007 não só venceu o GP da Bélgica. mas conquistou a primeira vitória da Ferrari na temporada. Rubens Barrichello teve grande chance de ameaçar de vez o título do inglês Jenson Button, seu companheiro na Brawn e líder do Mundial. Mas o brasileiro pouco conseguiu aproveitar o fato de Button ter abandonado a corrida ainda na primeira volta. Na largada, Barrichello ficou parado e chegou a ser o último colocado, tendo que mudar a estratégia e fazer uma corrida de recuperação para garantir ao menos a sétima colocação, marcando dois pontos.

Além da decepção pela péssima largada de Barrichello, o início da prova em Spa-Francorchamps foi marcado pelo acidente que provocou o abandono do líder da temporada. Depois de largar em penúltimo, o francês Romain Grosjean, que substituiu o dedmitido brasileiro Nelsinho Piquet na Renault, acertou a traseira de Button e ainda terminou com a corrida do inglês Lewis Hamilton e do espanhol Jaime Alguersuari, da Toro Rosso, também envolvidos na batida.

Sem Button, o caminho estava livre para Barrichello ganhar posições e tentar o máximo de pontos possíveis, diminuindo assim a diferença para o companheiro de equipe no Mundial. O brasileiro aproveitou a entrada do safety car na pista e foi aos boxes para colocar mais combustível, além de trocar os pneus de macios para duros, mudando a estratégia de corrida. O italiano Jarno Trulli, segundo no grid, fez o mesmo e também caiu para as últimas posições.

Mas a Brawn não rendeu o suficiente para Barrichello brigar pelas primeiras colocações. Depois de assumir a décima posição na volta 15, com uma bela ultrapassagem sobre o australiano Mark Webber, o piloto da Brawn apenas conseguiu se manter no pelotão de frente. No fim, quando ainda lutava para ameaçar o finlandês Heikki Kovalainen, sexto colocado, seu carro começou a vazar óleo e o brasileiro teve que diminuir o ritmo para evitar um abandono.

Enquanto isso, Raikkonen, que tinha ultrapassado Fisichella logo após a saída do safety car, ainda no início da prova, administrava bem a vantagem na ponta. O italiano chegou a diminuir a diferença em alguns momentos, tirando muito de sua Force India, mas não conseguiu ameaçar a vitória do finlandês. Já o espanhol Fernando Alonso, que foi terceiro por alguns momentos, teve que abandonar por um problema na roda dianteira esquerda.

Com a vitória na Bélgica, Raikkonen assumiu a quinta posição do Mundial, somando 34 pontos. Webber, nono colocado neste domingo, caiu de terceiro para quarto, já que Vettel o ultrapassou, chegando a 53 pontos. Na briga entre Button e Barrichello, o brasileiro diminuiu a diferença de 18 para 16 pontos. Agora, Barrichello tem 56, contra os mesmos 72 do inglês, restando cinco etapas para o fim da temporada.

A próxima parada da Fórmula 1 será no GP da Itália, em Monza. A corrida está marcada para daqui a duas semanas, no dia 13 de setembro.


sábado, 29 de agosto de 2009

Sexta-feira, uma noitada na Lapa (*)


Eu queria pegar um traveco, mas...


O garçom e poeta Cícero Rodrigues, do Restaurante Nova Capela, é o mais novo parceiro de Cláudio Guimarães, autor de grandes sambas cantados por grandes nomes, incluindo Zeca Pagodinho. Claudinho, autor em parceria com Serginho Meriti daquele sucesso Quando a gira girou, compôs um samba com Cícero em que a letra diz que a canção começa a ser escrita na mesa do Capela numa noite de segunda-feira, faz sucesso na favela e amanhece em Mangueira.



Toninho Geraes (na foto abraçado com Cícero), autor de entre outros hits, o samba Mulheres, sucesso na voz de Martinho da Vila, flana solteiro pela noite de mais uma Sexta Power, e relembra frases de velhos malandros: Escuta o que um colega me disse: Eu saí pra Lapa doido pra dar a bunda, mas só encontrei veado.

Beto Monteiro, sambista de breque e intérprete, canta também o melhor de Chico Buarque e Tom Jobim, é outro conhecido frasista, autor da famosa pérola: "Santa Teresa é o único lugar do mundo onde avião anda de bonde". Pois nesta sexta-feira, depois de cantar no Severina, em Laranjeiras, Beto Monteiro deu um bordejo na Lapa e, diante de tanta mudança nos costumes, proibições estúpidas de quase tudo, choque de ordem humilhando os humilhados e ofendidos, camelôs agora duplamente desempregados, saiu-se com essa na porta de um pé sujo na Av. Gomes Freire, enquanto olhava a paisagem do bas fond. "Eu queria pegar um traveco, mas só tem mulher".

Gargalhada diante da fauna de siliconados pobres e seminus na sarjeta. E desconjuntando-se, numa contradição, Beto Monteiro arrematou outra impossibilidade: "É, acho que vou trocar um cheque com um traveco"

Piadas, gracejos, a fauna visitante andando de um lado a outro, paulistas em profusão, procurando a Lapa fora de si, quando tão obviamente está dentro de cada um. Tanta gente bonita, muita gente negra elegante e orgulhosa, a moda Obama nas mulatas balzaquianas, tudo tão esplendorosamente pop.

Música saindo pelo ladrão, calçadas tomadas pelas cadeiras diante das grandes casas na Mem de Sá e Lavradio, apenas os pés sujos foram radicalmente reprimidos pela nova administração de Eduardo Paes.


O Capela (foto acima, com o Paralama Bi Barone em pé) de tanta história, uma instituição centenária acima de seus donos, garçons e clientes, agora adotou uma regra antipática e deselegante: na sexta-feira, até meia-noite, só pode sentar e pedir chope quem também jantar. E a casa anda vazia, por motivo simples: é tanta gente na rua, sem lugar para estacionar, que o movimento cai no restaurante mais caro no horário nobre nos fins de semana. Ali só lota na alta madrugada, quando os próprios músicos e poetas perdidos se reúnem para trocar as impressões de mais um dia. Na rua, latinha de cerveja a 1,50 e a 2 reais, pode fumar e zoar. No Capela, um chope a 4,40. Ou quatro chopes e 10%, vinte pratas.

Andrade Chefia, divulgador da Império da Tijuca, amigo de Toninho Geraes, exclamou num tom fatal: "Quem não fez quando pôde não fará quando puder".

Junior, percussionista, garante que tem muita onda rolando... E na levada, este neto de Silas de Oliveira, o professor, autor de Aquarela, abre uns versos: "Meu coração, onde eu vivo atolado nem minha sombra acompanha os meus passos".
Tem sua graça, mas se está atolado, que passos são esses? São passos mentais.

O fotógrafo Gaúcho, 30 anos documentando casais boêmios na Lapa, lamenta: a Prefeitura está causando um enorme prejuízo, está ferrando a gente humilde. Só está vindo gente sexta e sábado, porque é tudo proibido. Esse choque de ordem só pode ser política, acho que não elegemos ninguém. Proíbem tudo aqui, acho que querem aparecer fazendo isso aqui para ganhar voto longe daqui. Aqui todo mundo está decepcionado.

O JAZZ ESTÁ CHEGANDO AO BAIRRO BOÊMIO; SANTO SCENARIUM

Lapa, sexta-feira, 30 casas com música ao vivo num universo com raios de 500 metros. E nesse frenesi da MPB, quase nada de bossa nova, jazz nem pensar. Se bem que, agora, ao lado do Rio Scenarium, esta casa abriu um pequeno anexo, um espaço jazzístico, o Santo Scenarium, com jazz fino de quarta a sábado, de oito da noite até uma da madrugada, galera do Azimuth presente.

Vitor Bertrami, que passou essa dica, é um senhor baterista, filho de Zé Roberto, um dos reis do antológico trio Azimuth. Vitinho se queixa: O Brasil faz muita música boa, mas está ouvindo mal. Veja que o Azimuth tem 38 discos gravados, é o mais antigo trio de samba jazz do Brasil, criado 35 anos atrás, sempre com a mesma formação. toca todo ano em Nova Iorque, Blue Notes, mas no Faustão não, nada.

LADRÃOZINHO NOS BOTECOS É MATO

E com tanto show na Lapa, tanta festa, toda noite tem um artista lamentando a perda de um microfone mais caro, ou um MD, aquele aparelhinho que grava ao vivo direto da mesa de som. É uma desgraça no Brasil a quantidade de ladrão. Na Lapa não tem crime hediondo, mas ladrãozinho é mato. Não é apenas o ocasião que faz, as peças pequenas, menores e mais caras, são uma tentação. Já perdi duas máqjuinas fotográficas e três celulares. Vai ao banheiro, e quando volta, já era. A culpa é sempe da mesa. Mesas grandes são as mais perigosas... Lapa de bijuterias, sem diamante, quantos microfones sem fio roubados a cada fim de semana? Artistas choram. Vigia o que é seu. Garçons reclamam, neguinho leva talher, copo e saleiro, imagina se não leva microfone caro?

Aparece uma velha amiga, ela exclama, que saudade, estou te procurando há um mês. Aliás, a última vez foi com você... Um mês... Com saudade... Mas hoje não, querida. Agendamos.

É triste ver na Lapa tanta gente sem condução e sem grana para voltar de carro ou táxi. Também é difícil estacionar na Lapa, E com o engarrafamento, acaba ficando difícil também para o próprio taxista. O maior problema da Lapa é: primeiro, o saneamento, a parte subterrânea em frangalhos, no verão alaga tudo várias vezes. Fedentina. E com tempo seco, a logística, o transporte, a dificuldade de chegar e sair. Muita gente desiste de ir por causa desses pequenos transtornos. Muito carro, gargalo.

A Lapa muito melhoraria se a prefeitura pensasse numa coisa bem simples: dia de semana, criar novas linhas de ônibus, Linha Boêmia, tipo de hora em hora, Lapa Zona Sul, Lapa Niterói, Lapa Zona Norte e Lapa Baixada, Caxias... E nos fins de semana, esses ônibus poderiam rolar de 15 em 15 minutos. Não faltaria passageiro e desafogaria o bairro de tanto carro sem espaço. O comércio, as casas, os artistas, todo mundo ficaria mais feliz. E haveria menos bêbados ao volante.

Rodando o quarteirão: Mem de Sá, Lavradio, Riachuelo e Gomes Freire. Tudo cheio, todo mundo animado... A Sinuca da Lapa lotada, aliás, a Riachuelo está virando uma segunda Lapa, cada semana uma casa nova, cada uma mais cheia do que a outra. Tendências.

UMA LINDA CANTORA


Sexta-feira marcou a descoberta de Rejane Luna (foto), bela cantora de Niterói, e também bela voz. Ela fez estreia na Lapa neste fim de semana. Num rápido bate-papo no Capela, deu para constatar que é talentosa, intrépida, um belo disco - Correio da Lapa aumentou a coleção -, mas, calma, você tão cedo não vai vê-la, a não ser que você cuide mais de seu repertório, de suas escolhas. Rejane Luna cantou no Parada da Lapa, ali ao lado da Fundição Progresso. Ela canta samba, bolero, rumba, MPB, rock in roll, mas tão cedo não vai vê-la no Faustão, sim, tem o My Space, é moleza confirmar o que aqui se lê. No Video aqui, La Luna vai de Perfídia...

Texto e fotos by Alfredo Herkenhoff
(com exceção da imagem da cantora, extraída de seu My Space)

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Brian Dennehy & Ted Kennedy, similar


Separados ao Nascer?

Mais ou Menos...


À esquerda, o ator americano Brian Dennehy (o intransigente xerife do primeiro Rambo da sequência com Stallone) conhecido nas telas por papel de vilões ou durões; à direita, o falecido senador Edward Kennedy, o último de um clã marcado pelo destino. Coincidências de rostos e de religiões: em um país majoritariamente protestante, ambos católicos.

Separados ao Nascer - J. C. Silva Especial para o Correio da Lapa

41 Mulheres na Exposição do Correio da Lapa

VEJA VOCÊ AÍ

parte 1 de 3

41 Mulheres na Exposição do Correio da Lapa


O Correio da Lapa capturou imagens que as próprias mulheres com as quais este blogue-jornal se relaciona via Twitter botaram no microblog das 140 batidas. Ou seja, as 41 fotos abaixo foram escolhidas pelas próprias.

Num relance, tem-se uma visão antropológica de uma forma de se apresentar. A maioria dessas mulheres é do Brasil e tem alto grau de instrução, não fora isso não estariam aqui nesses bordejos de informação e vaidade que é o Correio da Lapa.

Grato pela presenças de todas, torcendo para que outras botem logo uma fotinha naquele quadradinho do Twitter, quadradinho que é uma forma um tanto desprezada de comunicação nesse universo do minimalismo digital.

As fotos a seguir foram clonadas todas no mesmo padrão, as diferenças de qualidade e tamanho são intrínsecas a elas, quase nada havendo de edição neste ato de exibi-las. Até a ordem abaixo seguiu rigorosamente uma fila indiana, mecânica, de copia-e-cola, sem qualquer valoração espacial/especial. (Por Alfredo Herkenhoff)

Marilyn Viel




Karin (Karinella)



Danielle Souza


Graça Gomes



Sylvia Ruth


Mila Chaseliov


Alessandra Nalio



Yolanda Guilherme



Aline Pessanha





Naty Imury


Betina Kopp




Hanna Hanna



Patrícia Bernardo

continua logo abaixo