segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Vida longa segundo a Bíblia

Carinho de minha mulher e meus filhos sustenta a vida

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Celso Blue Boys, o maior guitarrista do Brasil

Celso Blues Boy interpreta a música Por um monte de cerveja, que dá nome ao show e ao CD que ele lançou ontem, 27 de outubro de 2011, no Teatro Rival BR.
"Por Um Monte De Cerveja" foi a segunda executada no espetáculo que acontece de novo logo mais às 8h da noite de hoje, 28 de outubro;. Os versos são sábios:
Vou procurar de vela acesa
qualquer lugar aonde esteja
um monte de cerveja
invadindo a minha mesa...
(Video Celular - Correio da Lapa)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Reflexões sobre o medo por Mia Couto na Conferência do Estoril

 
"O medo foi um dos meus primeiros mestres. Antes de ganhar confiança em celestiais criaturas, aprendi a temer monstros, fantasmas e demónios. Os anjos, quando chegaram, já era para me guardarem, servindo como agentes da segurança privada das almas. Nem sempre os que me protegiam sabiam da diferença entre sentimento e realidade. Isso acontecia, por exemplo, quando me ensinavam a recear os desconhecidos. Na realidade, a maior parte da violência contra as crianças sempre foi praticada não por estranhos, mas por parentes e conhecidos. Os fantasmas que serviam na minha infância reproduziam esse velho engano de que estamos mais seguros em ambientes que reconhecemos. Os meus anjos da guarda tinham a ingenuidade de acreditar que eu estaria mais protegido apenas por não me aventurar para além da fronteira da minha língua, da minha cultura, do meu território.
O medo foi, afinal, o mestre que mais me fez desaprender. Quando deixei a minha casa natal, uma invisível mão roubava-me a coragem de viver e a audácia de ser eu mesmo. No horizonte vislumbravam-se mais muros do que estradas. Nessa altura, algo me sugeria o seguinte: que há neste mundo mais medo de coisas más do que coisas más propriamente ditas.
No Moçambique colonial em que nasci e cresci, a narrativa do medo tinha um invejável casting internacional: os chineses que comiam crianças, os chamados terroristas que lutavam pela independência do país, e um ateu barbudo com um nome alemão. Esses fantasmas tiveram o fim de todos os fantasmas: morreram quando morreu o medo. Os chineses abriram restaurantes junto à nossa porta, os ditos terroristas são governantes respeitáveis e Karl Marx, o ateu barbudo, é um simpático avô que não deixou descendência.
O preço dessa narrativa de terror foi, no entanto, trágico para o continente africano. Em nome da luta contra o comunismo cometeram-se as mais indizíveis barbaridades. Em nome da segurança mundial foram colocados e conservados no Poder alguns dos ditadores mais sanguinários de que há memória. A mais grave herança dessa longa intervenção externa é a facilidade com que as elites africanas continuam a culpar os outros pelos seus próprios fracassos.
A Guerra-Fria esfriou mas o maniqueísmo que a sustinha não desarmou, inventando rapidamente outras geografias do medo, a Oriente e a Ocidente. Para responder às novas entidades demoníacas não bastam os seculares meios de governação. Precisamos de investimento divino, precisamos de intervenção de poderes que estão para além da força humana. O que era ideologia passou a ser crença, o que era política tornou-se religião, o que era religião passou a ser estratégia de poder.
Para fabricar armas é preciso fabricar inimigos. Para produzir inimigos é imperioso sustentar fantasmas. A manutenção desse alvoroço requer um dispendioso aparato e um batalhão de especialistas que, em segredo, tomam decisões em nosso nome. Eis o que nos dizem: para superarmos as ameaças domésticas precisamos de mais polícia, mais prisões, mais segurança privada e menos privacidade. Para enfrentar as ameaças globais precisamos de mais exércitos, mais serviços secretos e a suspensão temporária da nossa cidadania. Todos sabemos que o caminho verdadeiro tem que ser outro. Todos sabemos que esse outro caminho começaria pelo desejo de conhecermos melhor esses que, de um e do outro lado, aprendemos a chamar de “eles”.
Aos adversários políticos e militares, juntam-se agora o clima, a demografia e as epidemias. O sentimento que se criou é o seguinte: a realidade é perigosa, a natureza é traiçoeira e a humanidade é imprevisível. Vivemos – como cidadãos e como espécie – em permanente limiar de emergência. Como em qualquer estado de sítio, as liberdades individuais devem ser contidas, a privacidade pode ser invadida e a racionalidade deve ser suspensa.
Todas estas restrições servem para que não sejam feitas perguntas incomodas como estas: por que motivo a crise financeira não atingiu a indústria de armamento? Por que motivo se gastou, apenas o ano passado, um trilião e meio de dólares com armamento militar? Por que razão os que hoje tentam proteger os civis na Líbia são exatamente os que mais armas venderam ao regime do coronel Kadaffi? Por que motivo se realizam mais seminários sobre segurança do que sobre justiça?
Se queremos resolver (e não apenas discutir) a segurança mundial – teremos que enfrentar ameaças bem reais e urgentes. Há uma arma de destruição massiva que está sendo usada todos os dias, em todo o mundo, sem que sejam precisos pretextos de guerra. Essa arma chama-se fome. Em pleno século 21, um em cada seis seres humanos passa fome. O custo para superar a fome mundial seria uma fracção pequena do que se gasta em armamento. A fome será, sem dúvida, a maior causa de insegurança do nosso tempo. Num planeta que imaginamos como uma única aldeia, a realidade mais globalizada é a miséria.
O preço dessa narrativa de terror foi, no entanto, trágico para o continente africano. Em nome da luta contra o comunismo cometeram-se as mais indizíveis barbaridades. Em nome da segurança mundial foram colocados e conservados no Poder alguns dos ditadores mais sanguinários de que há memória. A mais grave herança dessa longa intervenção externa é a facilidade com que as elites africanas continuam a culpar os outros pelos seus próprios fracassos.
Mencionarei ainda outra silenciada violência: em todo o mundo, uma em cada três mulheres foi ou será vítima de violência física ou sexual durante o seu tempo de vida. Não há aqui nenhum laivo de feminismo, nenhum paternalismo dos que dizem cuidar dos chamados grupos vulneráveis. A verdade é que sobre metade das pessoas que estão nesta sala pesa uma condenação antecipada pelo simples facto de serem mulheres.
A nossa indignação, porém, é bem menor que o medo. Sem darmos conta, fomos convertidos em soldados de um exército sem nome, e como militares sem farda deixamos de questionar. Deixamos de fazer perguntas e de discutir razões. As questões de ética são esquecidas porque está provada a barbaridade dos outros. E porque estamos em guerra, não temos que fazer prova de coerência nem de legalidade.
É sintomático que a única construção humana que pode ser vista do espaço seja uma muralha. A chamada Grande Muralha foi erguida para proteger a China das guerras e das invasões. A Muralha não evitou conflitos nem parou os invasores. Possivelmente, morreram mais chineses construindo a Muralha do que vítimas das invasões do Norte. Diz-se que alguns dos trabalhadores que morreram foram emparedados na sua própria construção. Esses corpos convertidos em muro e pedra são uma metáfora de quanto o medo nos pode aprisionar.
Há muros que separam nações, há muros que dividem pobres e ricos. Mas não há hoje muro que separe os que têm medo dos que não têm medo. Sob as mesmas nuvens cinzentas aprendemos a reduzir os sonhos e esperanças para um tamanho aceitável. Acerca dessa histeria colectiva, Eduardo Galeano escreveu o seguinte:
Os que trabalham têm medo de perder o trabalho. Os que não trabalham têm medo de nunca encontrar trabalho. Quem não têm medo da fome, têm medo da comida. Os civis têm medo dos militares, os militares têm medo da falta de armas, as armas têm medo da falta de guerras.
E, se calhar, acrescento agora eu, há quem tenha medo que o medo acabe."
 
 (Mia Couto, autor desse texto, nasceu em Moçambique) 
 

domingo, 23 de outubro de 2011

Caso Orlando Silva e as ameaças da não realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil?


A não realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil: quais são as ameaças?

 Especulações?


 

 Incapacidade de o Congresso Nacional compreender que mexer em leis fajutas não ameaça a soberania nacional, por exemplo, proibição de birita nos estádios. A Fifa é a favor da loura gelada.. Ingresso para estudante pela metade do preço? Outra palhaçada que a Fifa não aceita imposição nem de governos ao seu evento privado, que dirá da UNE com jovens se aboletando em .sinecuras do Estado... E já tem neguinho em Brasília querendo cota de ingresso para quem não tem dinheiro poder ir ao estádio. Outra palhaçada. Pobre vai quando ganha, promoções de supermercado, bancos, montadoras etc, tal qual rolou na África do Sul.

Permanência de Orlando Silva no Cargo. O braço-direito de Joseph Blatter na Fifa já deu o aviso: gostou da sugestão do Estadão, que publicou que Dilma já teria decidido afastar o inexperiente quadro do PCdoB do comando da pasta dos Esportes.

Recrudescimento do crime organizado. Qualquer grupo traficante seria capaz de derrubar um avião cheio de turistas ingleses com tiros de fuzil disparados de favelas dominadas por centenas dessa armas de grosso calibre, como as comunidades que ficam nas proximidades de aeroportos, exemplos: Complexo da Maré ou mesmo aquelas enormes favelas no fundo da Baía de Guanabara, em Caxias. O Morro do Alemão é só o maior complexo. As UPPs na Zona Sul e lugares privilegiados da ZN formam apenas um  corredor para 2014 e 16. Um “buffer”, um tampão de emergência. A metrópole tem mais de hum milhão de favelados nada felizes.

Irritação da Fifa com os nossos políticos.

 Exemplo da Colômbia. Em 1985, um ano antes da Copa de 86, Bogotá desistiu da Fifa. Faltava grana e sobrava politica tipo brasileira e ainda havia guerrilha, milícia e narcotráfico produtor. O México, que fizera a Copa 15 anos antes, topou o convite da Fifa e fez de novo, preparou-se em um ano.

 O Brasil não vai desistir, mas se a Fifa desistir do Brasil, quem a Fifa vai convidar para fazer o Mundial de 14?

 Palpites; Chicago, terra de Obama, Tóquio, pós Fukushima, Madri que era candidata ou Londres que terá feito uma bela Olimpíada em 2012?

Resposta para essas questões: o maior risco de o Brasil não sediar 14 está em Brasília, no Congresso, onde os caras acabaram de esfaquear o Rio de Janeiro e o Espirito Santo na questão dos royalties. Ali mora o perigo maior de uma capital totalmente perigosa, tamanha a sujeirada misturada com a poeira vermelha e o barro vermelho em dias de chuva. Vá a Brasília, mas não converse. A água que cai do céu já chega suja no chão. Até o céu está de mal com a capital.

Se a querida presidenta Dilma continuar perdendo em média um ministro por mês, como tem 48 meses de mandato e como nomeou um ministério de apenas 47 pastas, vai chegar em 2014 com um único auxiliar de peso: Luiz Inácio. E ela, como Dimitri Medvedev fez em Moscou desistindo de tentar novo mandato, vai declarar apoio à volta do velhinho barbudo. Bota o retrato do velho, bota no mesmo lugar.

Sugestões: Não leve a sério tudo isso que botei aqui. Leve a serio e reclame apenas de nossos representantes no Congresso Nacional. Pelé, que faz aniversário hoje, 23 de outubro, tinha razão ao dizer: brasileiro não sabe votar. Parabéns, Cocada Preta! Esteja onde estiver, Negão, o saudoso amigo comum Oldemário Touguinhó deve estar rindo de nós e mandando também votos de felicidade. A propósito, Pelé, que é amigo da Fifa e da Mastercad, já teria sido sondado para ser o nosso interlocutor com os 24 velhinhos do Comitê da Fifa no lugar de Orlando, o ministro das multidões de amigos. Pelé, sozinho, convenceu a Fifa e os EUA a fazer aquela bela Copa de 1994, apesar do calorão nos péssimos horários escolhidos para os jogos.

Enfatizando para concluir: Políticos do Congresso Nacional! Abram os olhos! A Fifa está se lixando pra vocês. E nós, que votamos, também. Parem com esse lero-lero, aprovem a legislação de emergência antes que seja tarde demais.

E Orlando Silva, acusado sem provas, mesmo sem corrupção nas costas, ajuda se pedir o boné.

(Por Alfredo Herkenhoff, Correio da Lapa, Rio de Janeiro, 23 de outubro de 201)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Flamengo perde por 4 a 0 no pior mico de 2001 em pleno Engenhão

MENGÃO PALHAÇADA
A Sul Americana já foi atalho para vaga na Libertadores. Ontem, o Mengão entrou em campo sem notar o seguinte: nas oitavas, estava a oito jogos da Libertadores no regime mata-mata. Mas no Brasileirão, também estava e está a oito jogos da vaga. Agora o Mengão está a um jogo do caos, a realidade cearense da eliminação.

PALHAÇADA
O Engenhão foi invadido por 80 chilenos barulhentos na arquibancada. Nós, rubro-negros, não éramos mais de que uns 150 abnegados distantes da transmissão ao vivo da Globo. Abrimos mão do mando e da torcida. Engenhão deserto, não sei onde fica, como vai nem como volta. Engenhão virou passatempo de quem mora no Recreio, gente da Linha Amarela. Falta-lhe logística. Fosse este jogo de ontem em Uberlândia, Juiz de Fora, Cachoeiro de Itapemirim, Vitória ou Quixeramobim, o Mengão botaria milhares de pessoas pra torcer in loco e dizer : um dia, lá atrás, eu vi Ronaldinho jogar cara a cara, como posso dizer que eu vi Pelé da arquibancada do Maraca 40 anos atrás.

PALHAÇADA
Configurado o desastre com o 2 a 0 no primeiro tempo, Luxemburro e Patrícia deveriam ter tirado Ronaldinho e Thiago Neves da etapa complementar, que teria sido mera preleção, um vexame-treino para um Mengão sem seus dois principais nomes experimentando a nova formação para o jogo decisivo de domingo contra o Santos. Neste encontro no Engenhão, o Santos vem com sede de vingança. Pressinto loucuras: ou o Mengão vai tomar de novo de quatro, ou vai meter quatro. O Flamengo, ao manter Ronaldinho e Thiago Neves no segundo tempo, mostrou que não pensa, mas é dominado pela arrogância do treinador que não treina. Não tem tempo nem cabeça. Já foi a sua vocação.

PALHAÇADA
Com que cabeça o Mengão vai entrar em campo contra o Santos, que já armou até o marketing para o jogo da vingança? Ontem Borges, ao marcar um gol, igualou-se a Chulapa como o maior artilheiro do clube num Campeonato Brasileiro. Domingo, se marcar de novo, Borges vai superar o maior artilheiro santista em Brasileirão. Borges saiu ontem aparentemente alegando problema muscular. Mas acho que foi apenas poupado. Muricy Muriçoca (foto), atual campeão do Brasileirão, disse que o Santos abriu mão do Brasileirão para conquistar a Libertadores e garantir vaga no mesmo torneio ano que vem. Ou seja, não tergiversou. Muricy, ao contrario de Luxa e Felipão, o Mal-Educado, é ganhador presente, não vive de cartel invejável para justificar o fracasso contemporâneo . Murici sabe que o Inter, que ele já treinou, tentou brincar de poupar elenco na reta fina de um Brasileirão e se estrumbicou no Mundial de Clubes num dezembro dois ou três anos atrás. Como um indivíduo, o time também perde ritmo de jogo. O Santos dá sinais de que mesmo diante da superioridade do Barça, não vai brincar em serviço. Neymar ontem fez a diferença. O Santos não disputa nada, mas não quer perder ritmo de jogo. Domingo o Santos fará a último partida à vera. Depois, é só administrar o ritmo e ajudar inimigos do Corinthians, ou seja, vai ajudar Mengão, Fluzão, Fogão e Vascão.

PALHAÇADA
Ronaldinho como comentarista - falando de chances de ser campeão - é um perna de pau. Chegou nos braços da galera, pode sair enxovalhado. Vi o jogo no bar e ouvi rubro-negros falando mal dele como jamais vira antes. Quero queimar a minha língua e ver o Flamengo qual Fênix conquistando o Hepta daqui a seis ou sete semanas. Mas está tão difícil quanto acreditar em Papai Noel. Cala a boca, Ronaldinho, não converse comigo, nem com a Globo nem com o Seu Juiz. Suas expulsões tem me lembrado Filipe, o vascaíno filho de taxista, erráticas, evitando viajar com o elenco. Jogador que for expulso não pode ter dias de folga. Expulsão tem de significar concentração.

PALHAÇADA
Talvez eu esteja completamente errado. Reconheço: quando Damiao sentiu contusão na véspera da apresentação para um joguinho caça-níquel da Seleção, pensei 20 dias atrás que o Inter estivesse aprontando uma fuga, mas não, o destaque colorado estava realmente mal. Não li o noticiário ainda na net, talvez Borges tenha sentido ontem algo, talvez tenha sido poupado como Damião não foi.
Aos colegas da Nação d’O Mais Querido, só no resta torcer. Em 2009, o matemático Pífio Garcia escreveu em The Grobe que a chance do Mengão ser campeão era de menos de 1 por cento. E que a chance do Fluzão não cair também era menos de 1 por cento. E o cara continua fazendo estatísticas bisonhas.

PALHAÇADA
A última vez que sai de casa para ir comprar jornal na banca ali da esquina foi seis meses atrás. Ler jornal impresso virou hábito de velhos e viúvas assim que vem a viuvez. Elas leem o exemplar que chega até que se esgote o prazo da assinatura. Depois, não renovam.

PALHAÇADA
Conversando com o jornaleiro: ele me diz que antigamente chegavam à banca dele 39 revistas Playboy e voltavam como encalhe dois ou três exemplares no fim do mês. Hoje chegam três exemplares e voltam três. Ou seja, a banca, ele me explica, virou mercearia, vende cigarro, credito de celular, Coca Cola, mariola, apostila para concurso publico etc. tudo, menos jornal e revista. Mas os anunciantes ainda não se deram conta no Brasil de que estão jogando dinheiro fora. Ah, jornal impresso ainda é habito de garçom, peão de obra, porteiro, enfim, esses laboriosos e humildes trabalhadores que não têm tempo para navegar e cujos filhos estão nas lan houses. Eles gostam desses tabloides popularescos como o Meia Hora, este prestes a ser rebatizado como Bunda Inteira.

PALHAÇADA
Luxemburgo mostra arrogância ao explicar a partida. Agora que nada resta a fazer no jogo de volta em Santiago, ele devia sim obrigar Ronaldinho e Thiago Neves a viajar sobre os Andes. Nada de time reserva. Concentração.

Palhaçada
Em 2008, o Mengão, depois de sapecar o America do Mexico no México, recebeu o time de Cabanas no Maraca. Perdíamos por 2 a 0 e aquilo ainda bastava para prosseguir na Libertadores. Mas a palhaçada mandou o Mengão atacar loucamente até que Cabanas fizesse o hat trick e nos mandasse ao inferno do maior mico, o pior 3 a 0 de minha vida. Depois Cabanas, o paraguaio, levaria um tiro no coco, tiro falso que não o matou. Antes tivesse levado três tiros autênticos antes daquela noite de quarta com o Maraca lotado. Ontem deu-se o mesmo. Ontem perdi a última esperança. Hoje eu sou o matemático de The Grobe de ontem. Nossas chances se escafederam de vez. Não temos disciplina, temos a má vontade e a empáfia. Falta-nos futebol, sobra-nos marketing. 4 a 0 foi pouco. Merecíamos ter caído de seis, ou mesmo por hepta goleada. (Por Alfredo Herkenhoff, Correio da Lapa, Rio de Janeiro, 20 de outubro de 2011)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Flamenguista diz Não quero Kleber - a 8 rodadas do fim de 2011.

A guerra entre a Globo e a Record nos Jogos Pan-Americanos 2011

Por Jacqueline

Vi agora há pouco de cabo a rabo o Bom Dia Brasil, um belo telejornal cometendo, uma pena, um pecado capital: omissão completa, sequer citou a palavra Pan-Americanos. Na Guadalajara de tempos sorridentes do futebol de 70 realiza-se um evento esportivo que só perde em grandeza para as Olimpíadas, posto que estão hoje no México milhares de atletas, incluindo a delegação norte-americana. Por causa da guerra profana do Ibope, a TV Globo deu um cala-boca em si própria, censurou-se, esquecendo que o jornalismo precisa prevalecer, apesar das ameaças fundamentalistas da teologia da prosperidade, em família, da família Macedo. O Bom Dia Brasil deu hoje uns quatro minutos de Pelé botando flores aos mortos da Tsunami 2011, deu um minuto para o Santa Cruz que saiu da Série 4 e vai jogar a Série C, deu de tudo um pouco e com a classe de sempre, mas a Globo ficará marcada também para sempre como a emissora que, vivendo de prêmios, vivendo de passados de índices melhores e vivendo um presente de riscos e índices piores, dá as costas aos seu público, nega-lhe a TV aberta, negando espaço aos melhores atletas do Brasil apenas por não poder transmitir ao vivo as competições.
 O JB, naqueles tempos em que definhava por desmandos da família Brito e pela concorrência de O Globo com apoio maciço da TV Globo, não deixava de noticiar a programação do grupo proprietário de um jornal que ameaçava a sobrevivência do matutino da Condessa. O JB impresso morreu noticiando que continuaria digital. A TV Globo, não, ao negar jornalismo a tantos atletas, jovens maravilhosos que tantas emoções e superações propiciaram a si próprios e a telespectadores da própria emissora do Jardim Botânico, ainda tem tempo de repensar essa estratégia maluca de negar a realidade. O pior cego é aquele que além de não poder ver, não quer ver, nega-se a mostrar que perder uma licitação de direitos de transmissão não significa calar o próprio jornalismo.
 E a TV Globo dá um péssimo exemplo para o Brasil que vai sediar o Mundial da FIFA e os Jogos de 2016. O que fará a Globo no ano que vem quando também não poderá mostrar ao vivo as competições das Olimpíadas de Londres?
Como a Globo comprou direitos de transmissão dos Jogos de Londres apenas via TV fechada talvez possa abrir o SporTV, o canal 39 e seus vizinhos, como se estivesse fazendo uma promoção para ampliar o número de assinantes. Poderia talvez anunciar que o SportTV será franqueado ao povão. Será isso legal? Nas Olimpíadas de 2008, esses canais SportTV foram abertos, não sei se por indução do marketing, ou se por indução e grana de Pequim.
A Globo, que nos últimos meses ganhou prêmios maravilhosos e divulgou maciçamente um editorial institucional sobre ética e jornalismo, está exagerando na presunção de que o marketing vem na frente da isenção da reportagem. Nunca é demais lembrar que o maior anunciante da Globo é o Estado, Petrobras, BB, Caixa, ministérios, Secom etc. Pouca gente entre os quase 200 milhões de nós tem acesso aos canais da TV paga. A Globo, para não alimentar as transmissões exclusivas de quem lhe morde os calcanhares, morde o coração de sua grande audiência.
 Essas palavras são de quem torce pela Globo diante do crescimento de uma Record atrelada a dízimos que a Iurd recolhe e aplica alugando espaço para programas religiosos numa  TV com audiência quase zero nas madrugadas, tudo a preço de ouro, algo que todo mundo sabe o que significa: lavar a farra da fé e alimentar uma nova dinastia nascida na cabeça de um ex-técnico da Loterj, um Edir Macedo que aprendeu, na Rua 7 de Setembro, que o melhor jogo é a parada das almas. Vendeu a sua ao mercador de esperanças, autoinvestiu-se de bispo e, como todos os telepastores, fala em nome de Deus e recolhe o preço cobrado de quem crê que está pagando o óbulo para escapar do Inferno.
O Inferno são os outros, já dizia Sartre, o Ateu. Os existencialistas têm sempre razão, inverno pra ela é sempre verão. O Brasil virou uma Martinica, inverno pra ela é uma eticazinha que parece titica, uma política rastaquera de cartas marcadas, licitações entre empresas e empresários amigos, obras caras com material de terceira, unanimidade contra CPMF enquanto os hospitais públicos seguem atendendo bem mau  quem não tem mais saúde para ver o que não passa na TV aberta, o fausto dos ricos e dos políticos rindo de nossas caras e sorrindo por nossos votos.
Torcendo pela Globo e por seu bom jornalismo, sua bela dramaturgia, seus excelente entretenimento...
Alfredo Herkenhoff
Correio da Lapa
Rio de Janeiro, segunda-feira, 17 de outubro de 2011.

domingo, 16 de outubro de 2011

Curtindo o Rio de Janeiro


BIFE CARIOCA


Você que está curtindo o Rio de Janeiro, ou que pretende tirar uns dias pra curtir, não deixe de visitar o restaurante Bife Carioca, que está bombando. Situado no hardocre, no coração do Rio de Janeiro, o Bife de Ouro é uma explosão de ofertas e agora também serve ao ar livre, no meio da praça. Sempre com novidades, alta culinária, tiramissu, voar, volare, cantare - que cardápio! -, uma variedade que invariavelmente leva o comensal a exclamar: quando eu como isso aqui não não sei onde vou parar. O prato do dia, termidor,  é chef voador, sim,  sempre ele, o simpático cozinheiro-mor mortinho de vontade pra bem servir, uma alma boa pronta pra botar na sua mesa a melhor surpresa,  Tiradentes, que tanto tirou, não tendo onde se pôr, leva você no melhor da praça a degustar sabendo que te espera o grand finale: a sobremesa, bomba de chocolate.
O dono do Bife de Ouro não fica se gabando. Ele sabe que o sucesso está no ar. Aderiu ao choque de ordem. Sabe que o Rio está na ordem do dia. Sabe que a sua casa tem muito gás pra continuar crescendo.  O Bife Carioca está expandindo os seus negócios e não tem medo da concorrência nem da recorrência. Humildemente, apesar do silêncio obsequioso a que se impôs, o dono deixa aviso aos clientes que preferem se refestelar ao ar livre no meio do arvoredo: afastem um pouquinho a mesa e as cadeiras, evitem ficar sobre os bueiros.( Por Alfredo Herkenhoff)
Correio da Lapa, Rio de Janeiro
Domingo, 16 de outubro de 2011  

Cinco hits em 3 min 45 seg Nossas imagens Nossas canções

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Verdades e mentiras sobre a fortuna de Eike Batista


Verdades e mentiras 
sobre a fortuna de Eike Batista

Por Alfredo Herkenhoff *

Recebemos nesses tempos de internet uma carga de informação enorme, não importa se você é um banqueiro ou um bancário, um repórter novato ou o dono de um grupo de comunicação. A informação, algo tão crucial para que uma pessoa tome decisões corretas, continua sendo, mais até hoje do que antes, uma ferramenta também para que uma pessoa seja induzida a tomar decisões, ou seja, conduzida a tomar decisões que talvez não sejam corretas, ou não sejam as melhores.
Não basta ter dinheiro para investir, não basta ter recursos, é preciso parecer de forma verdadeira que se tem muito mais do que se tem de fato. Esta aparência permite que a pessoa, dispondo dessa imagem de muita grana, empreenda novos negócios, fature mais, atraia capitais de olho em oportunidades.
 Mas se você quiser se dar ao trabalho de descobrir o que de fato significa um bilionário a mais no mundo, veja o que ele fez, o que faz e o que fará.
No mercado acionário, você compra e vende ações... São números frios que o computador exibe milimetricamente todo dia. Já na bolsa de mercadorias e futuros, os números são expostos como se fossem reais, quando não passam de um comercio fictício, mas necessário, sobre expectativas.
 Uma bolsa de futuro negocia valores 30 ou 60 vezes mais altos do que o total de negócios de uma bolsa acionária. Aqueles números altíssimos indicam apenas contratos de aposta: eu compro (aposto) 2 milhões de toneladas de trigo a tal preço daqui a seis meses.
 E findo o prazo, alguém que apostou diferente, firmou contrato de venda de 2 milhões de toneladas a outro preço, se verá diante do seguinte quadro: o preço ficou mais alto do que supus e devo pagar a diferença. O preço ficou mais baixo do que eu quis comprar, devo receber a diferença. Esse mercado serve para avaliar expectativas, fornecer informações para que empresas e empresários tomem decisões. Mas não há compra e venda de nenhum quilo da farinha.  Os valores altíssimos exibidos por bolsas de futuros representam valores módicos, os percentuais mínimos das diferenças de palpites sobre cotações futuras de tudo: comida, ouro, juros.
Essas revistas Forbes da vida, no atacado, mostram números relativamente próximos da realidade no campo dos mais ricos do planeta. Mas no varejo das aparições, não, no varejo elas correm o risco de apenas endossar políticas de visibilidade de alguns nomes. Estas visibilidades, por sua vez, catapultam certos nomes, permitido que façam maiores e melhores negócios no futuro imediato. Suspeito que em parte seja este o caso de Eike Batista. Mas não tenho provas.
Quem bota dois no um, quatro no dois e oito no quatro, sabe que chegará à casa 64 do tabuleiro do xadrez, chegará à fortuna máxima. Quem não guarda um tostão, não chegará a ser o número 1. De grão em grão, a galinha enche o papo. Foi pensando umas caraminholas que comecei a observar a performance Eike/Forbes. Vejamos: a julgar pelo levantamento da revista, em 2007, estando Eike Batista ausente da lista daquele ano com os seres humanos com mais de 1 bilhão de dólares no bolso, o ex-marido de Luma de Oliveira deveria, no máximo, possuir na ocasião apenas 999 milhões 999 mil dólares, entre bens e sonhos.
 Ou então a revista Forbes estava errada ou não teve argúcia para ver que já havia um bilionário a mais dando sopa no mundo.
No início de 2008 (a Forbes sempre lança a lista dos mais ricos no fim do inverno em Nova York), Eike aparecia com mágicos 6 bilhões e 600 milhões de dólares. Donde se conclui que, um ano antes da crise financeira nos EUA, o filho de Eliezer Batista acumulou em média uma riqueza de meio bilhão de dólares a cada mês.
Em 2009, com o presidente Lula dizendo que a onda de 2008 era crise mundial do tipo marola, Eike Batista passou a ser o bilionário com letra B de número 61 do mundo, com 7 bilhões 600 milhões no bolso. Donde se conclui que acumulou fortuna com média mensal pequena, de cerca de 80 milhões de dólares por mês naquele ano.
Em 2010, a Forbes diz que Eike Batista tem 27 bilhões de dólares, isso significando que acrescentou à fortuna, em um ano, mais 20 bilhões, ou, a cada mês, ganhou 1 bilhão 500 milhões de dólares.
Em 2011, sempre como o oitavo mais rico do mundo, Eike parece com 30 bilhões de dólares, ou seja, no ano passado, enriqueceu apenas mais 3 bilhões de dólares, isto é, botou no seu cofre mágico, a cada mês, a bagatela de 250 milhões.
Donde se conclui que eu estou errado, mas nunca vi nada de Eike Batista tão grandioso assim. Ah! Ele tem mina de carvão na Colômbia, mina no Chile, mas nunca estive lá. Ah! Eike está fazendo o mega porto em São João, mas até hoje não levou nem trouxe nenhum grão de nada. Vejo apenas um projeto, um extenso píer de atracação. Ah, mas trouxe o presidente da Hyundai, mega indústria coreana, indícios de planos para um pólo de estaleiros no Norte fluminense. Será? Ah! Ele é o dono da litorina Curitiba-Paranaguá, mas esta ferrovia existe desde o tempo do Império. Ah! Vai refazer o trenzinho para subir a Petrópolis pelo fundo da Baía de Guanabara? Vai despoluir a Baía? É apaixonado pelo Rio? E daí? Somos todos.  Sim, ele comprou o belo Hotel Glória! Que faça bom proveito! Ele firmou contrato de venda de petróleo com a Shell, um ano atrás, petróleo que ele descobriu na Bacia de Campos. Mas não extraiu ainda uma gota sequer.
 Vejo outros ricos mais palpáveis: uns vendem cerveja, outros, televisão, outros celulares, outros, ferro, aço, carro, entretenimento. Mas não vejo Eike Batista vendendo nada, parece que está só comprando. Inventa projetos, vende projetos e compra adeptos, ou sócios. Tem um barco dele que perambula pela Marina da Glória, mas é tão mixuruca perto dos mais belos iates do mundo...
 Puxa! Tenho certeza de que estou errado. Eike está cercado de globais, príncipes árabes, pilotos aéreos e pilotos náuticos, esportistas, mas acho tudo tão pouco. Algo me diz que ele não é tão rico assim. Acho tudo isso ainda muito pouco para quem não era ninguém na Forbes no ano de 2007.
 Nos botequins da vida, ficam dizendo por aí que Eike ficou rico graças ao conhecimento privilegiado sobre minas e mineração em função de seu pai ter sido presidente da Vale no tempo em que era estatal. Bobagem. Eike é muito mais perscrutador de mídia do que de subsolos.  Não me interessa papo sobre Serra do Navio. Prefiro compreender por que Eike deu de falar domingo à noite no Fantástico, ou sábado à tarde no Luciano Huck.  Já não basta a Forbes? Decidiu estender o manto da fama a todo o povo brasileiro. O rei não está nu, mas anda apressado. Com a fama que ganhou como o mais rico do Brasil, vejo em Eike a chance ou o sonho de se tornar o mais rico do mundo.
* Escritor e editor do Correio da Lapa
Rio de Janeiro, 10  de outubro de 2011